O final deste ano também será marcado pelo fim da década e a situação econômica do Brasil fechará como a pior da história. O Banco Central prevê, baseado em projeções do mercado, que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil diminuirá 4,1% em 2020, por conta da pandemia do novo coronavírus, o que reflete diretamente no resultado da década.
Nesse contexto, o PIB da década teria alta apenas de 1,9%. Em comparação, com outras décadas, o resultado é desastroso. O período entre 1981 a 1990, por exemplo, é chamado de década perdida por conta da inflação nas alturas e calotes na dívida externa, mesmo assim a economia cresceu 16,9%.
Se for considerar períodos distintos de 10 anos, o menor crescimento foi entre 2009 e 2018, apenas 12,8%. Foi um período de duas recessões e mesmo assim o crescimento superou bastante a expectativa da década que está próxima ao fim.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou uma série histórica contando desde 1901 os eventos desastrosos econômicos no Brasil. O resultado foi que essas calamidades são raras no país.
Em 12 décadas analisadas, o estudo identificou 4 grandes recessões que duraram mais tempo, fora a crise atual. O fator político geralmente está diretamente relacionado a elas.
O primeiro registro foi entre 1930 e 1931 com uma queda de 5,3% no PIB. A crise decorreu por conta da Grande Depressão com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Este período ficou marcado pelo enfraquecimento da oligarquia agrária e o fim da chamada República Velha.
Com a quebra de padrões agrários e o processo de industrialização e urbanização em curso, o desenvolvimento econômico brasileiro foi considerável. O país passou a contar com intervenção estatal para criação de empresas e subsídios.
Os anos se passaram, durante a ditadura militar, entre 1971 e 1980, houve o chamado “milagre econômico” em que o PIB cresceu 128,8% neste período. Contudo, logo depois, ainda durante a ditadura, a inflação atingiu níveis alarmantes, juntamente com a dívida externa. O resultado foi a queda do PIB em 8,5%, de 1981 a 1983. O cenário do país passara a ser de incerteza, com desorganização e descontrole nas contas.
A recessão piorou em 1990 com o Plano Collor e o problema das poupanças, o que levou ao impeachment deste presidente. Só a partir de 1994 que o país voltou a estabilidade por conta do bem-sucedido Plano Real. Até a crise econômica e política de 2014, durante o governo Dilma, que também gerou impeachment.
O fato é que atualmente a situação piora quando lembra-se que o país ainda nem se recuperou do último encolhimento do PIB entre 2014 e 2016. Por isso, a realidade pode ser bem mais complicada, toda semana o Banco Central registra quedas nas pesquisas. O cenário ainda se agrava pela crise de saúde e política que o país atravessa.