Noites sem dormir podem aumentar proteínas cerebrais ligadas ao Alzheimer

O sono é fundamental para regular o cérebro e eliminar resíduos

Um estudo recente publicado pela revista científica Brain indicou que o histórico de noites mal dormidas ou a ausência de sono aumenta os níveis de proteínas relacionadas com o Alzheimer.

Já era sabido entre os cientistas que havia relação entre a demência e a falta de sono, mas não havia ainda uma certa exatidão sobre se era uma ou outra que levava à insônia. Pesquisadores da Universidade de Stanford e da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington apresentaram um dado preocupante: apenas uma noite sem dormir é o bastante para desencadear o aumento dos níveis de Beta-amiloide e Tau (proteínas fibrosas que acarretam na perda progressiva de neurônios) no cérebro.

Por meio do apontamento feito pelos pesquisadores, revelou-se que o sono durante a noite, seja na fase com ondas mais lentas ou seja mais profundo, é fundamental para reduzir os níveis de amiloide. E isso explica casos em que pessoas que dormiam menos possuíam níveis maiores do beta-amiloide, uma vez que o sono tem papel importante para regular o cérebro, eliminando resíduos. A produção das proteínas depende basicamente do sono restaurador neuronal que, se caso seja interrompido no estágio de ondas cerebrais lentas, ou se não houver a quantidade de horas necessárias, poderá ser descontinuada e acarretar na doença do Alzheimer.

O estudo

A análise contou com 17 participantes saudáveis, entre 35 e 65 anos, na qual os cientistas solicitaram que o grupo, que utilizava sensores que captavam ondas em duas regiões do encéfalo diretamente ligadas ao Alzheimer: o hipocampo, responsável pela memória, e o tálamo, ligado à regulação do sono, da consciência e transmissão de sinais para o cérebro durante o sono.

No primeiro momento, o grupo foi orientado que descansasse em suas casas e respondesse a questionários em um período que ia de 5 a 14 dias. Findo esse prazo, foi pedido que os voluntários dormissem uma noite no laboratório para que fosse feito o rastreamento das ondas cerebrais por meio de uma polissonografia. Nesse ínterim, eles usavam fones. Alguns voluntários foram conduzidos a emitirem aleatoriamente sinais sonoros, enquanto um participante iniciava a fase de sono de ondas lentas. Já os outros permaneciam em silêncio.

No total, em um intervalo de 28 dias, todos os voluntários fizeram os dois procedimentos. A conclusão dos testes é que a interrupção do sono com ondas lentas teve o efeito que a neurologia já esperava: quanto mais perturbação no sono, maior era o nível de beta-amiloide em todos os 17 participantes. A má qualidade do sono é um fator que vem sendo associado ao Alzheimer justamente por haver registros de pessoas que possuem o histórico de noites mal dormidas antes dos sintomas da doença se manifestarem.

Embora ainda não se possa ter conclusões definitivas acerca do assunto, já que há dúvidas quanto o sono – se é um sintoma ou se de fato causa a doença – é essencial ter qualidade no descanso (mesmo que às vezes seja difícil) e respeitar as horas recomendadas.
 

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