Filosofia e crise de meia-idade

Saiba como sobreviver depois dos 40 com saúde, vigor e inteligência

Se você já passou dos 40, é provável que tenha tido uma crise de meia-idade. Essa expressão foi criada em 1965 por Elliott Jaques para descrever a insegurança que pessoas entre 40 e 60 anos sofriam ao perceberem que a juventude havia acabado e que a aposentadoria se aproximava.

Esse problema existencial é sentido em maior grau por aqueles que têm uma vida isenta de valor, muito agarrada a aspectos materiais. No entanto, é possível combatê-lo com a ajuda da filosofia.

A ideia é proposta por Kieran Setiya, professor de filosofia do Massachusetts Institute of Technology (MIT), no seu livro “Midlife: a philosophical guide”. Para entender melhor esse contexto e como as reflexões embasadas em grandes estudiosos, de Aristóteles a Simone de Beauvoir, ajudam a encontrar um propósito de vida, criamos este artigo.

Então, que tal entrar nesse contexto totalmente filosófico e pensar sobre o que tem, o que deseja alcançar e quais sonhos ainda pretende realizar?

Como a crise de meia-idade impacta a vida das pessoas?

Não é todo mundo que sofre com esse problema existencial, mas muitos precisam enfrentar esse desafio. Foi o que aconteceu com Setiya. Apesar de ter tido uma vida considerada de sucesso — com um doutorado, emprego com promoção e vários estágios da carreira acadêmica —, o autor percebeu que ainda faltava alguma coisa.

Esse sentimento surgiu entre os 35 e os 40 anos e foi aí que começou a se perguntar o que fazia e o que desejava para o futuro. Em suas palavras, “me dei conta da estreiteza da minha vida, das restrições impostas pelo financiamento da casa própria, pela rotina familiar. Mesmo em termos de carreira, eu nunca iria sair do ciclo de dar aula e escrever artigos acadêmicos”.

O cenário repetitivo e sempre igual fez surgir um vazio, tão comum em milhares de pessoas. A diferença é que ele tornou essa sensação um objeto de estudo intelectual e filosófico.

Ao analisar a situação, concluiu que o tema pode ser abordado a partir de dois vieses.

Ciências sociais

Mais recente, essa abordagem surgiu a partir de pesquisas feitas em 70 países. Nelas, os economistas David Blanchflower e Andrew Oswald perceberam que a satisfação das pessoas em relação a suas vidas tem o formato da letra U.

Isso significa que ela começa alta, mas está no seu mínimo por volta dos 40 anos. Conforme envelhecemos, ela tende a aumentar novamente.

Filosófico

Aqui, a diferença é que a satisfação está relacionada a questões específicas do indivíduo, como arrependimentos, ajustes de contas com o passado, fracassos, estreitamento de opções e por aí vai.

Em palavras mais simples, são as pressões que todos sentimos ao longo da vida e às quais temos que enfrentar em determinado momento. Por isso, a crise de meia-idade afeta pessoas de todos os gêneros, mas nem sempre se refere à ambição profissional (para os homens) ou à saída dos filhos de casa (para as mulheres).

Essa ideia retrógrada surgiu na década de 1970, mas foi desmentida pelo tempo. Com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, a crise continuou as impactando, mesmo com um contexto social radicalmente diferente.

O que significa ter uma crise de meia-idade atualmente?

O impacto hoje está bastante centrado na decisão de ter filhos, porque ela modifica de maneira significativa a vida que se leva. Os homens têm a opção de fazer isso com uma idade já avançada. As mulheres, por sua vez, não têm essa alternativa.

Essa questão crucial interfere na crise da meia-idade e na experiência pela qual cada pessoa passa. Além disso, há um impacto gerado pela expectativa de vida.

Hoje, as pessoas valorizam a juventude e a proximidade da velhice tende a causar ansiedade. Ao mesmo tempo, há uma luta constante para se manter novo, o que tende a postergar a crise para os 45 - 50 anos.

Esse processo é como uma estratégia de defesa, que é retroalimentado pelas mudanças culturais e até do mercado de trabalho. Com a dificuldade das pessoas de se aposentarem cedo, fica claro que é preciso se manter jovem para aguentar o período ativo que ainda resta.

Como se proteger da crise da meia-idade?

O ideal é deixar de se colocar no centro de tudo para focar as atenções em outros aspectos, sejam coisas, sejam pessoas. O intuito é aumentar a conexão social e investir no altruísmo ou em uma comunidade maior para se preservar e permanecer ativo.

Nesse sentido, é importante destacar que é possível mudar após a meia-idade, mas esse é um processo difícil. Portanto, o foco deve ser o seu relacionamento com as pessoas e sua forma de pensar sobre elas. É assim que os obstáculos são ultrapassados e você tem a oportunidade de se melhorar.

Esse conselho é ainda mais importante para os millenials, que nasceram dos anos 1980 a até aproximadamente os anos 2000. Como cresceram sob a pressão de documentarem a si mesmos o tempo todo, têm uma imagem distorcida, que dificilmente leva à felicidade.

Junto a isso, as perspectivas de emprego são precárias para o futuro. Muitos millenials precisam mudar seu método de trabalho e têm que lidar com a crise de meia-idade simultaneamente.

Isso reforça a necessidade de se conectarem a pessoas e coisas que agregam valor. Somente assim, com a ajuda da filosofia, é possível passar por esse problema e garantir mais qualidade de vida, independentemente da idade que você tiver.

E você, está preparado para passar pela crise da meia-idade? Tem alguma experiência a compartilhar? Deixe seu comentário e contribua com a gente!

 

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