A situação aqui no Brasil não é diferente do restante do planeta, os índices de desemprego, endividamento e de queda na produção são alarmantes. Em comparação com alguns países, o cenário nacional é pior por não termos os recursos disponíveis das nações mais desenvolvidas.
Em comparação com a grande depressão de 2008, é nítido como o cenário de 2020 é bem pior. O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu mais de 5% na época, a expectativa é que ele caia mais de 5% este ano.
Uma crise iniciada por um problema sanitário é muito mais complicada que uma causada exclusivamente por fatores econômicos. Isso porque a prioridade neste momento é salvar vidas e evitar o colapso nos sistemas de saúde, a economia passa a ser uma preocupação secundária.
No Brasil, uma série de dificuldades assombram a economia. O fato dos juros já estarem baixos limita medidas do Banco Central, isso porque não há como reduzir a Selic (taxa básica de juros) a fim de estimular o crédito, os investimentos e o consumo.
O país também não tem orçamento para o governo irrigar a economia. O governo bancou gastos e créditos durante a retomada da economia em 2008, o que fragilizou as contas públicas anos depois. Enquanto isso, países como a China e os Estados Unidos, mesmo que também estejam em crise, ainda têm uma moeda forte e podem aumentar os gastos públicos.
Os economistas também têm apontado uma reação lenta do Brasil perante a crise. Até agora as medidas implementadas não trouxeram resultados para boa parte da população. O auxílio emergencial de R$ 600,00, a principal medida adotada, é alvo de críticas por não ter chegado aos mais afetados.
Uma das maiores preocupações é com o nível de desemprego, que já era bastante alto antes da crise do coronavírus. De acordo com o IBGE, eram 11, 9 milhões de desempregados e 38,3 milhões de trabalhadores na informalidade em janeiro, o dado mais recente. O banco Santander fez uma estimativa que aponta que o número de desempregados no Brasil pode subir em 2,5 milhões. Já os trabalhadores informais são diretamente afetados pelo isolamento social, já que ficam impedidos de sair na rua para garantir o próprio sustento.
Alguns dados já revelam o que o país ainda vai enfrentar, o volume de serviços em março, divulgado pelo IBGE, mostrou um recuo de 6,9% em comparação com fevereiro, a pior queda da série histórica, que começou a ser registrada em 2011. Na comparação com março de 2019, o recuo foi de 2,7%.
Outro importante setor também registrou grandes quedas, segundo uma pesquisa da FGV com 1.006 empresas da indústria da transformação, 14,4% paralisaram a produção em abril. As mais afetadas foram as produções de veículos, calçados e vestuário. Mesmo nas crises de 2008-2009 e 2014-2016, a média de empresas paralisadas não passou de 2%.
O futuro do Brasil é incerto, o que se sabe até agora é que vai ser necessário tempo e boa gestão para o país voltar a respirar e crescer novamente.