Poupança completa 160 anos

Mesmo após sua longa trajetória, a caderneta ainda é a forma de poupar mais usada pelos brasileiros

Muito mais que uma forma de poupar, no início de sua trajetória, a poupança no Brasil teve ainda memorável papel histórico: ao aceitar a abertura de poupanças por escravos, a caderneta permitia uma ferramenta de economia que visava a compra de alforrias.

Concorrente à abertura da Caixa Econômica Federal, em 1861, no Rio de Janeiro, o objetivo da instituição era recolher “depósitos de poupança popular no Brasil” e desde lá é considerada uma forma segura de guardar rendimentos. Onze anos após sua fundação, com a formalização do decreto nº 5.153, de 13 de novembro de 1872, o banco de poupança marcou a história dando acesso ao seu uso por pessoas escravizadas.

Na atualidade, a poupança ainda emite altos registros: segundo o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em janeiro de 2021 há mais de 22 mil contas com saldo superior a 1 milhão de reais, o que demonstra que o auxílio da caderneta é utilizado por grandes investidores ainda hoje.

O ponto de curiosidade é o rendimento: a aplicação está num momento de baixa nas taxas desde 2012, marcando 1,4% ao ano, percentual muito abaixo da inflação acumulada em 12 meses: 5,2%, segundo dados do IBGE, então, como continua a ser a mais usada se não é a mais rentável?

Quem optou por guardar dinheiro na poupança em anos inferiores a 2012, possui outra regra de rendimento: 0,5% ao mês mais TR (Taxa Referencial, que atualmente está zerada), o que dá 6,17% ao ano. As informações demonstram que, até aquela ocasião, o rendimento em caderneta era muito superior quando comparado com outras aplicações seguras de renda fixa, o que provavelmente explica sua popularidade, além da segurança que transmite aos investidores, que termina omitindo a baixa considerável na aplicação.

Especialistas ponderam, no entanto, que para valer a pena a utilização da poupança, a conta precisa ter o rendimento submetido até maio de 2012. Para o investidor que procurou poupar depois disso, há aplicações mais rentáveis disponíveis.

Apesar da baixa referente à liquidez, a popularidade da poupança permitiu que ela alcançasse mais prestigio em 2020: foi recorde em captações líquidas (relação entre aplicações e saques), com registro de R$166 bilhões de reais, como computa o Banco Central.

As considerações sobre a alta assiduidade confunde especialistas, que argumentam que o investidor evita arriscar e perde taxas muito mais atrativas no momento, temerosos de deixar o dinheiro “parado” por alguns anos em outros fundos, sem levar em conta como o dinheiro renderia mais por lá.

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