Quando o ano de 2020 chegou, é provável que boa parte dos brasileiros nem imaginasse o que estava por vir: a maior crise do século causada pela pandemia do novo coronavírus. Além da questão de saúde, o vírus desencadeou um desequilíbrio econômico que é visto em diversas pesquisas. Uma delas é a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), que revelou um recorde no número de endividados no Brasil, 66,6%.
A pesquisa, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostrou o maior percentual de endividamento dos brasileiros desde janeiro de 2010, quando ela começou a ser realizada. A coleta dos dados foi entre os dias 20 de março e 5 de abril.
O campeão na modalidade de dívida é o cartão de crédito, com 77,6% dos brasileiros devendo. Já os carnês e o financiamento de veículo ficam na segunda e terceira posição, com 17,5% e 10,2% respectivamente. Outras dívidas também ganharam destaque no levantamento, 8,6% deve financiamento de casa, 8,2% crédito especial, 6,3% cheque especial e 6,1% crédito consignado.
A quantidade de pessoas com contas ou dívidas atrasadas se manteve igual ao mês de março, 25,3%. Contudo, é maior que o mesmo período do ano passado (abril de 2019), o índice era de 23,9%.
Em contrapartida, o número de pessoas que declararam não ter condições de pagar as contas atrasadas, ou seja, que vão continuar inadimplentes, teve queda de 10,2% para 9,9% de março para abril. O número era menor ainda em abril do ano passado, 9,5%.
A pesquisa ainda analisou o nível de endividamento dos consumidores dividido em categorias. Neste contexto, 15,6% responderam que estão muito endividados, 24% se consideram mais ou menos endividados, 27,1% pouco endividado e 33,1% não têm dívidas desse tipo.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, indica que um dos motivos do aumento da inadimplência é a ampliação do crédito ao consumidor. Essa é uma medida do governo perante a crise para manter o poder de compra. Como solução, Trados recomenda o aumento dos prazos para que as pessoas consigam quitar as dívidas.
“A crise de saúde certamente seguirá afetando os condicionantes do consumo e o desempenho da economia real nos próximos meses. Apesar das incertezas nos cenários econômicos e do percentual já elevado do endividamento, a injeção de liquidez que está em curso segue aumentando a proporção de famílias com dívidas no País”, considerou o texto de conclusão da Peic.