O dia do Consumidor é comemorado todos os anos, com muitas promoções, em 15 de março. Neste ano não será diferente, as lojas virtuais prometem muitos descontos, em diversos produtos. Mas será que essas ofertas são reais e significativas? Até que ponto realmente precisamos dos produtos anunciados?
Pesquisas sugerem que 85% das nossas decisões são resultado da zona inconsciente do cérebro, portanto, é necessário tomar cuidado quando achamos que precisamos muito de algo. A sociedade moderna é rotulada constantemente de sociedade de consumo, consumimos diariamente. É nosso papel saber até que ponto esse consumo é saudável e necessário.
Para a contadora e especialista em finanças pessoas, Thaís Linero, o autoconhecimento é a ferramenta principal para quem se deixa levar pela facilidade de crédito ou seduzido pela publicidade. “Autoconhecimento é necessário não apenas para a vida financeira. A partir do momento que o indivíduo conhece seus sonhos e principalmente, seus desejos, consegue separar o que é necessidade do que não é”, explica.
Para a especialista, quem tem facilidade em passar o cartão de crédito deve aprender a desenvolver duas habilidades ao longo da vida: autoconhecimento e autocontrole. Segundo Thais, algumas táticas podem ser usadas por quem quer evitar gastos desnecessários. “Quando for sair, leve com você alguém que conheça esse seu hábito de consumo. Essa pessoa pode ser o anjinho que vai perguntar se você realmente precisa comprar determinado produto. Não se esqueça de deixar o cartão de crédito, de débito e o cheque em casa. Para finalizar, ao visitar a loja, deixe para finalizar a compra depois de dar daquela volta estratégica no shopping ou quadra”, aconselha.
Mesmo com todos esses artifícios, algumas pessoas não conseguem viver sem estourar o cartão e em alguns casos, consomem por prazer. O psicólogo comportamental, Gabriel Zeini Gondim, alerta para os casos em que o consumo passa a ser nocivo. “Quando começam a comprar não por necessidade, mas sim por status, vaidades e ganho de atenção, o cenário muda. Não espere sua conta chegar ao vermelho para achar que precisa de ajuda”, frisa.
Indo contra a onda do consumo desenfreado, alguns grupos alertam para o uso excessivo de recursos naturais e buscam evitar o hábito de comprar sem responsabilidade. Até algumas marcas estão aderindo ao movimento do consumo sustentável.
Em Nova York, a marca esportiva Patagônia lançou uma campanha incentivando o consumidor a analisar a real necessidade de comprar seu próprio produto. A campanha intitulada “Don’t buy this jacket” (não compre esta jaqueta), referindo-se a peça mais vendida da empresa, foi lançada em plena Black Friday.
Porém, Zeini acredita que a conscientização quanto a necessidade, origem e produção de uma peça não partirá das grandes empresas, para o psicólogo comportamental essa consciência depende mais do indivíduo e da sua história de consumo pessoal. “ Já disse um pensador, “a necessidade dos ricos é o luxo dos pobres”. Ao pensar que muita gente sobrevive com pouco, talvez isso nos leve a crer que não precisamos de muito”, finaliza.
Para quem já avaliou a real necessidade de comprar e quer levar um produto que está em liquidação para casa, confira abaixo as dicas dadas por Thaís Linero em dois casos específicos.
- Apesar da liquidação, o preço está muito próximo daquele que o produto normalmente é vendido.
Então não é a hora de comprar! Aproveite para guardar o dinheiro e comprar o produto em outro momento.
- O produto está com um preço imperdível: 50% de desconto.
Tem o valor total do produto?
Aproveite e tente mais um desconto.
Tem parte do dinheiro?
Avalie as condições de parcelamento. Afinal, o barato pode sair caro! Dependendo da taxa de juros e o prazo, os 50% de desconto se transformaram em 30% ou 20%.
Não tem o dinheiro?
É possível, ao invés de comprar o produto que comprometerá sua renda pelos próximos meses, utilizar esse valor que pagaria na parcela para começar uma reserva de emergência.
Em resumo, normalmente a melhor opção é guardar o dinheiro para comprar à vista, porém, sabemos que algumas necessidades surgem e nos pegam desprevenidos. Nestes casos específicos a orientação é avaliar qual opção de crédito é menos cara (parcelar na loja, cartão de crédito, utilizar um empréstimo), porém, vale lembrar que a avaliação deve considerar seu orçamento e possibilidades de pagamento.
Utilize também este momento como um aprendizado para começar uma reserva de emergência ou mesmo uma poupança para a aquisição de um bem ou serviço.