Quando o salário não dá até o fim do mês e o orçamento aperta, muitos brasileiros decidem usar o crédito para consumo ou até para o pagamento de dívidas. Entretanto, alguns não possuem essa modalidade de pagamento e pedem emprestado para outras pessoas. Saiba que essa prática é mais comum do que se possa imaginar.
De acordo com uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 39% dos brasileiros já fizeram compras utilizando o nome de terceiros, sendo que as modalidades mais utilizadas foram cartão de crédito (26%), cartão de loja (9%) e crediário (9%).
Imprevistos e nome sujo
O estudo revelou que os principais motivos para esse tipo de empréstimo são os imprevistos (27%) e a inadimplência (25%). Essas pessoas usaram como justificativa para convencer terceiros de emprestar o nome é que não conseguiram planejar o valor de suas contas (18%) e também por não poderem pagar à vista itens como roupas, calçados e acessórios que desejam (14%) – estes são os produtos mais adquiridos (30%), depois celulares (19%) e eletrônicos (14%).
“Apesar de ser a maioria, se a pessoa já está passando pela restrição ao crédito porque não conseguiu pagar dívidas anteriores, a probabilidade de não honrar o novo compromisso assumido é grande”, explica o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.
Nove em cada dez entrevistados que pediram o nome de alguém emprestado pagaram ou estão pagando a dívida em dia
Segundo o levantamento da CNDL, 27% geralmente recorrem aos pais para pedir um empréstimo, 22%, o cônjuge e 19%, os irmãos. 85% dos entrevistados dizem avisar o quanto seria necessário antes de pedir o crédito a ser gasto, mas 8% não fazem o mesmo.
As chances de o empréstimo não dar certo no fim são reais, tanto com prejuízos para as finanças quanto para o relacionamento entre as duas partes
Para o educador Vignoli, essa prática deve ser realizada apenas quando não há nenhuma outra alternativa. Usar o nome de outra pessoa é algo delicado, porque quem empresta não consegue negar o desejo de ajudar a outra pessoa. Em contrapartida, é preciso ficar atento, uma vez que quem precisa de crédito geralmente é que está enfrentando problemas financeiros. Para essas pessoas que se encontram em estado de negativação, o ideal é evitar novas dívidas e não comprar.
Vale ressaltar que apenas 19% dos consumidores sentiram alguma dificuldade imposta pelas lojas para fazer a compra no nome de outra pessoa.