Você conhece as vantagens (e riscos) dos empréstimos?

Na maioria das vezes, as pessoas não usam o crédito somente pelos benefícios, mas como fuga de uma situação financeira que não anda bem

Existe muita gente que aluga casa, carro e até roupa. Disso você já sabe. O que talvez você não saiba é que também é possível alugar dinheiro. Você, provavelmente, já fez pelo menos um aluguel desses na vida: é o uso do crédito. “A operação de crédito bancário nada mais é do que um aluguel de dinheiro e que, como todo aluguel, tem custo. Também existe um momento em que é preciso devolver o bem”, explica o educador financeiro Pedro Braggio. Ter essa informação em mente é o primeiro passo para não abusar do recurso. “Na maioria das vezes, as pessoas não usam o crédito somente pelos benefícios, mas como fuga de uma situação financeira que não anda bem. Quando a pessoa fica endividada e apela para o crédito, negociando ou contratando empréstimos altos e com taxas excessivas, termina num endividamento sem fim”, alerta.

De acordo com o educador, antes de fazer uso do crédito é preciso entender bem o que será cobrado lá na frente. “O Custo Efetivo Total (CET) é que informa ao consumidor o valor total que ele pagará por um empréstimo, incluindo preço da parcela, tarifas embutidas e juros. É possível solicitar o CET durante a negociação e, com ele em mãos, pesquisar qual instituição oferece melhor condição e mais vantagens”, enfatiza Braggio.

Já o professor de economia e finanças Milton Pignatari, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, garante que, para utilizar o crédito de forma saudável, a pessoa deve estar consciente de quanto possui para adquirir o que precisa, sem perder o controle das contas. “Para saber o valor que pode ser comprometido no crédito, o recomendado é fazer um planejamento em cima da renda. O ideal, para não comprometer a situação financeira, é destinar 20% da renda e não ultrapassar 30%”, diz.

Os especialistas são unânimes: é importante não enxergar o crédito como uma renda extra. O valor não deve ser somado ao salário, mas encarado como uma dívida que precisa ser paga. “Os juros ainda são muito altos no Brasil e, por isso, é importante acompanhar toda a movimentação do crédito, comparando os custos da dívida e buscando alternativas com outros bancos, visando baixar os encargos”, explica Roberto Vertamatti, diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade.

Controlar os impulsos de consumo ou, mesmo, a ansiedade para resolver de imediato uma situação financeira desconfortável também é uma orientação que pode evitar o abuso do crédito bancário. “Uma regra importante é pensar no motivo do crédito. Faça uma lista com dez motivos que sejam vantajosos e dez desvantajosos. No final, converse consigo mesmo ou com a família. Garanto que 80% das aquisições são feitas por impulso e, talvez, poderiam ser dispensadas”, orienta André Toledo, especialista em gerenciamento financeiro pela Universidade de São Paulo.

Tags: CET crédito custo efetivo total empréstimos finanças juros

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