Com a acentuada queda da taxa básica de juros observada ao longo dos últimos meses, a especulação sobre os melhores tipos de investimento cresceu. Afinal de contas, com os papéis remunerados pela Selic rendendo tão pouco é natural a busca por alternativas.
Nesse contexto, especialistas têm sugerido que títulos privados, como debêntures e certificados de recebíveis (CRA e CRI), estão se tornando opções atrativas para quem está em busca de mais rentabilidade. Diante desse cenário, a pergunta é: como avaliar as vantagens e desvantagens entre os tipos de investimentos em questão?
Continue a leitura e entenda tudo sobre o mercado de títulos.
Títulos Públicos
Os títulos públicos são conhecidos no mercado de investimentos pela alta liquidez e remuneração superior à da poupança. Eles são papéis da dívida pública, como o Tesouro Direto, e configuram uma espécie de empréstimo ao Governo a ser remunerado a partir de determinado percentual de juros em pagamento futuro.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto (SELIC) é um programa criado pelo Bacen, em parceria com a BM&F Bovespa, com o objetivo de comercializar títulos da Dívida Pública Federal entre pessoas físicas, algo inédito até então. O referido programa tem o caráter de facilitar o acesso a esse tipo de investimento, possibilitando a aquisição de frações de títulos pelo valor módico de R$ 30,00.
Trata-se de um investimento em renda fixa, isto é, a remuneração do capital investido será conhecida no momento da aquisição do título. No entanto, há uma distinção importante entre os títulos, pois existem os pré-fixados e os pós-fixados.
Pelo primeiro tipo, como o próprio nome dá a entender, a rentabilidade será fixada na ocasião da aquisição do papel. Assim, é possível saber quanto o capital renderá no transcorrer dos meses.
Os títulos pós-fixados, por sua vez, são remunerados por indexação a algum indicador econômico, como o IPCA (Índice de Preço ao Consumidor). Nesse caso, a rentabilidade do título acompanhará a flutuação do indicador. Um inconveniente do título em Tesouro Direto pós-fixado é a incerteza quanto ao comportamento do indicador no qual ele está lastreado, já que não é possível garantir a obtenção de ganhos a partir desse arranjo.
Outra questão importante acerca da rentabilidade desses títulos tem a ver com a sua data de vencimento. O investidor que optar por essa aplicação deverá ter em mente que o ativo adquirido só renderá o montante contratado, caso o regaste aconteça após o vencimento. Em outras palavras, caso o título seja comercializado em data anterior ao seu vencimento, poderá haver perdas significativas.
Letras de Crédito
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), de maneira geral, podem ser entendidas como títulos comercializados por instituições financeiras públicas ou privadas, que concedem para crédito imobiliário e agronegócio. Com isso, é como se o investidor emprestasse dinheiro para os bancos e, em troca, recebesse um percentual em juros.
Esses ativos oferecem a vantagem de combinar boa rentabilidade, com taxas de remuneração superiores às do Tesouro Direto, e segurança, uma vez que tanto o LCI quanto o LCA são lastreados pelas operações de crédito imobiliário e rural. Na prática, isso significa que o risco de não receber pelo investimento confiado à instituição financeira é baixíssimo, algo que aconteceria apenas na situação de falência. Estamos falando, portanto, do mesmo risco atrelado à poupança.
Os arranjos para a remuneração desses tipos de títulos públicos são os mais variados, podendo haver fixação de um determinado percentual de juros, além de acréscimo de um percentual do CDI. Também podem ser estabelecidos juros pré-fixados.
Analisando os pontos negativos desses títulos públicos, devemos salientar que adquirir uma letra de crédito representa um alto investimento, se comparado à aquisição de outros títulos.
Títulos Privados
Títulos privados são títulos de renda fixa emitidos por bancos ou empresas.
Debêntures
As debêntures são títulos que geram uma espécie de direito de crédito ao investidor, tal qual os demais títulos públicos. Eles diferem entre si, em relação ao objetivo, forma de emissão e remuneração do investimento. As debêntures podem ser geradas por empresas de capital aberto ou fechado, com o objetivo de financiar projetos de expansão ou desenvolvimento de qualquer interface operacional das companhias.
Assim, em vez de contrair um empréstimo bancário, a empresa emite esses títulos para viabilizar financeiramente alguma ação de seu interesse. Com isso, a "solidez" do título fica atrelada à da própria companhia, uma vez que ela será a responsável por remunerar o capital dos investidores, seja por meio do principal (capital investido), seja por meio de juros.
É importante lembrar que tudo que diz respeito à remuneração de um título está descrito na escritura de emissão do título, documento a ser registrado em nome do investidor. Dessa forma, os arranjos possíveis são bastante variados. Pode haver, por exemplo, a incidência de uma simples taxa de juros pré-fixada, ou ainda, a empresa pode remunerar a debênture a partir de Taxa Referencial (TR) ou Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP).
Certificados de Recebíveis
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e o Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) são títulos de recebíveis com origem em negócios e transações no agronegócio e no setor imobiliário. Por exemplo, no CRA, o montante de recursos movimentados por cooperativas ligadas à atividade rural e ao empresariado desse segmento, na ocasião da produção e comercialização de produtos agrícolas, é designado a uma securitizadora, que é uma espécie de administradora de recebíveis que comercializa crédito.
Nesse tipo de operação, a empresa que cedeu o recebível é remunerada por isso. Por outro lado, quem contrata o crédito é onerado a partir de juros. O CRI funciona sob a mesma lógica. A principal vantagem desse tipo de investimento é a sua alta rentabilidade, porém, ele demanda um altíssimo investimento. No caso do CRI, por exemplo, a maior parte dos títulos é comercializada a partir de R$ 300.000,00.
Os títulos públicos ou privados, assim como qualquer outro investimento, são opções que devem ser analisadas criteriosamente de acordo com o perfil do investidor e seus objetivos. Isso envolve um grande esforço de compreensão em relação às principais vantagens e desvantagens de aportar seu capital em determinado título.