Planeje-se: preço dos medicamentos deve subir mesmo após adiamento de reajuste

Mudança é devido à crise do novo coronavírus

A instabilidade financeira causada pela pandemia global do novo coronavírus já pesa no bolso do brasileiro, agora foi a vez dos medicamentos sofrerem reajuste. Apesar do governo ter adiado o aumento por 60 dias, o custo para a produção já está mais caro e será repassado aos consumidores antes do esperado.

Todo ano o reajuste dos remédios é realizado em abril, a responsável por esse trabalho é a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), do Ministério da Saúde. Apesar do aumento oficial ter sido adiado, os fabricantes podem subir os medicamento dentro de uma escala pré estabelecida. 

Na prática, adiar o reajuste não é vantajoso, isso porque o CMED ajusta o teto do preço do medicamento. Neste caso, as indústrias, distribuidoras e farmácias podem aumentar o preço dentro do limite. Um exemplo é um remédio utilizado para Hepatite C que pode custar entre R$ 65 a R$ 957 em todo o Brasil.

A decisão de adiar o acréscimo no preço dos medicamentos não foi bem aceita pela indústria farmacêutica nacional. O presidente Jair Bolsonaro anunciou que a medida havia sido tomada em concordância com as organizações farmacêuticas brasileiras. Contudo, no dia da reunião no Ministério da Saúde, grandes empresas como Abifina, Pró-Genéricos, Grupo Farma Brasil e Sindusfarma ficaram de forma. Participaram do evento representantes da indústria internacional, como a Interfarma e da Abrafarma e Alanac, que apesar de terem influência no mercado, não são maioria.

Incertezas

Se os remédios já vão aumentar agora, dentro do limite que já era legalizado, existem incertezas de como ficará a situação em junho, que é quando acaba o prazo estabelecido pelo governo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não divulgou quais serão os percentuais adotados daqui a dois meses. 

O fato é que, nos próximos dias, o consumidor sentirá no bolso. Atualmente as drogarias já estão diminuindo os descontos e a lei da oferta e demanda também tem ganhado representatividade, as pessoas têm comprado mais e os preços, consequentemente, sobem.

A importação de produtos chineses e indianos é outro fator que influencia diretamente no aumento. Com a crise, vôos foram cancelados, as produções foram suspensas e importar certos produtos tem sido cada vez mais difícil. 

Atualmente, 90% dos ingredientes básicos para produzir medicamentos vêm de países asiáticos, por exemplo. Só em 2019, foram importados 71,5 mil toneladas de remédios e produtos farmacêuticos, 27% da China e 7,5% da Índia.

Um caminho alternativo seria a importação de outros países, como os da Europa ou dos Estados Unidos, porém o custo é bem maior, também por conta da regra de oferta e procura. A empresa Blanver já substituiu os fornecedores asiáticos pelos europeus. Ela produz as medicações para o programa de HIV do Ministério da Saúde.

Em todo caso, a Anvisa, juntamente com as indústrias do setor, buscam soluções para o problema. Os estoques disponíveis variam de acordo com a empresa e o remédio, em geral, podem durar até maio ou junho.

 

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